Buquê de Lágrimas- Capítulo 11.


Capítulo 11:
Cena 1: Paramaribo- Suriname. Lanchonete/ Interior/ Manhã.
Eric fica surpreendido ao ver um amigo.
Eric- surpreso: Vitor?
Vitor- atônito: Eric? O que você está fazendo aqui, meu camarada? Está de férias?
A câmera foca no rosto de Vitor, revelando Ronald.
Eric: Não, eu não estou de férias, eu vim por outro motivo.
Ronald/ Vitor: Quanto tempo não nos vemos, desde quando nos formamos na faculdade.
Eric: Éramos tão amigos, mas cada um teve que ir pro seu lado. E você, já casou?
Ronald/ Vitor sorri.
Ronald: Ainda não tive esse prazer.
Eric e Ronald/ Vitor riem.
Ronald/ Vitor: Mas você disse que veio por uma pessoa, que pessoa é essa? –malicioso- Uma mulher?
Eric: Não, nada a ver! Essa pessoa é filha de uma amiga, a foto dela está no meu bolso. Segura a minha água por favor.
Eric entrega a garrafa para Ronald, que segura. Eric tira a foto de Maria Eduarda do bolso para mostrar Ronald/ Vitor.
Cena 2: Caxias do Sul- RS/ Rua/ Manhã.
Isabel e Jordânia se encaram, mas a filha resolve não olhar para a mãe. Ao atravessarem a rua, Benício percebe que Jordânia perdeu aquele sorriso e vê Isabel no carro.
Benício- positivo: Melhora esse dia, amor, não vai ficar assim só porque viu sua mãe.
Isabel estaciona seu carro e vai até Isabel e Benício.
Isabel: Eu sabia que vocês dois estavam juntos, era só questão de tempo para vocês saírem do armário.
Jordânia: Eu não te devo explicações, Isabel.
Isabel- boquiaberta: Nem de mãe mais ela me chama, já está colocando as asinhas para fora.
Jordânia: Você quer que eu te chame de quê? Você não me considera a sua filha mesmo!
Isabel- ignorando: Só de pensar naquela conversinha que você tinha dito que se casaria virgem, quanta hipocrisia!
Jordânia: Eu ainda permaneço assim e com esse pensamento, não é você e nem ninguém que vai tirar ele de mim.
Benício: Olha, dona Isabel, por favor, nos deixe em paz, nós não queremos ficar brigando, isso faz mal para a Jordânia.
Isabel- debochando: Sei o quanto isso faz mal pra ela, faz tão mal que ela foi correndo ficar com você.
Benício: A senhora está muito enganada, isso tudo aconteceu porque a Jordânia viu que ela poderia contar comigo. Eu não vou negar que amo ela, mas ontem eu vi que se eu perdesse ela, seria pior do que eu imaginava.
Isabel- curiosa: Que conversinha é essa de perder?
Jordânia- interrompendo: Benício, deixa isso pra lá.
Benício: Ontem a sua filha quase se matou por causa da senhora e do seu marido!
Isabel- chocada: Isso é verdade, Jordânia?
Jordânia- receosa: É!
Isabel- furiosa: Isso tudo é culpa sua, Benício, se você não tivesse seduzido a minha filha, a minha família, o casamento dela não estaria destruído dessa forma.
Jordânia: Eu já te disse milhares de vezes que o Benício não tem nada a ver com nossos problemas.
Isabel: Mas você vai pagar por tudo o que você está fazendo, seu preto maldito, eu te odeio.
Benício: Me dá pena pessoas como a senhora e seu marido, já não basta o racismo que somos obrigados à enfrentar de brancos, a senhora e seu marido que são negros, contribuem com essa atitude tão baixa também.
Isabel- maléfica: Você não tem que me dizer o que eu e meu marido devemos fazer, você deve se colocar no seu lugar de bandidinho, porque é isso que você é, deve se sustentar às custas de roubo.
Benício: A senhora está me ofendendo, eu estou pensando seriamente em processar a senhora e seu marido.
Jordânia- farta: Chega!
Isabel- enfrentando: Não sei porque você teve que sair da sua maldita senzala!
Benício: Grande pessoa a senhora, uma mãe que odeio até a filha, será que você mesma se ama?
Isabel lança um tapa no rosto de Benício e vai embora. Jordânia abraça Benício.
Jordânia: Calma, meu amor, deixa a minha mãe pra lá!
Cena 3: Paramaribo- Suriname. Lanchonete/ Interior/ Manhã.
Ladrão- surpreendendo: Het is een aanval. (É um assalto.)
Eric e Ronald/ Vitor ficam desesperados, o bandido começa a recolher o dinheiro. Policiais chegam apontando as armas, o ladrão pega Eric e o faz de refém.
Ladrão: Als je ze me te stoppen, sterft hij. (Se vocês me encostarem, ele morre.)
Ronald consegue fugir juntamente de algumas pessoas.
Policial: Als je het laat vallen, beloven wij om u te laten wegkomen. (Se você soltar ele, nós prometemos deixar você fugir.)
Ladrão: Alle te gaan en je armen op de grond in de buurt van mijn auto, dus doe, kom je terug hier en laat me in de auto, zal ik vertrekken. (Vão todos e coloquem as armas no chão, perto do meu carro, assim que fizerem isso, vocês voltem pra cá e me deixem entrar no carro, que eu irei embora.)
Os policiais colocam as armas perto do carro do bandido e voltam para o local onde estavam, o bandido leva Eric até o seu carro, o homem fica do lado de fora, porém com a arma apontada, assim que liga o carro, Eric sai correndo o ladrão foge. Alguns policiais entram em um carro e vão atrás do bandido, outros esperam por Eric.
Policial 1: Gaat het, jongen? (Você está bem, rapaz?)
Eric- confuso: Não te entendo!
Policial 2: Ele te perguntou se você está bem.
Eric- rindo: Graças a Deus, pensei que estava encurralado, mas fala pra ele que eu estou bem sim.
Policial 2- para o outro policial: Hij heeft gelijk ja. (Ele está bem sim.)-com Eric- Quer que vamos com você até sua casa?
Eric: Não, obrigado mesmo!
Os policiais vão embora, deixando Eric, que procura por Ronald/ Vitor, mas não o encontra.
Cena 4: Caxias do Sul- RS. Casa de Célia/ Sala/ Interior/ Tarde.
Dionísia entra na casa de Célia, que a olha com repulsa, porém disfarça.
Célia- fingindo preocupação: Amiga, mas que cara é essa?
Dionísia: Onde é que está a Marília?
Célia: Ela foi participar de uma entrevista de emprego, por quê?
Dionísia- marejando: A Diana foi embora, Célia, ela me desprezou, não me disse onde ia, só disse que iria viajar à trabalho.
Célia- venenosa: E ela te disse que vai permanecer lá?
Dionísia- chocada: Ela vai morar lá? –Desesperada- Você sabe pra onde minha filha foi?
Célia: Com certeza, querida, e dei todo o meu apoio!
Dionísia fica arrasada.
Dionísia- desentendida: Como assim? Como você pôde fazer isso comigo?
Célia- explosiva: Como eu pude fazer isso com você? Será se realmente você pensa nas pessoas?
Dionísia- abalada: Célia, você sabe que apesar de tudo o que eu fiz, eu já mudei!
Célia- ofensiva: Mas pra mim, isso não é o suficiente, sua cachorra!
Dionísia- confusa: Mas por que você está me tratando dessa forma? Eu nunca fiz nada com você e depois, nós somos amigas, pelo menos eu achava que éramos.
Célia- desabafando/ marejando: Sabe, Dionísia, tem coisas que não dá pra apagar da memória, como a morte de uma irmã muito querida, que vivia em uma família muito bem estruturada, mas quando falo estruturada, eu não falo de dinheiro, mas sim de amor, carinho, respeito, integridade, ou seja, uma família que havia muito caráter, e ela foi destruída por causa de pessoas que ganham dinheiro às custas da desgraçada alheia, -gritando- pessoas que não se importam em fazer a maldade, em querer o seu bem vendo o sofrimento dos outros, pessoas que não valem nada, sem caráter algum, e foi isso que você fez com a minha família, você acabou com ela, Dafne!
Dionísia fica compungida com a confissão de Célia.



Cena 5: Chermont Advogados/ Escritório de Jorge/ Interior/ Tarde.
Isabel entra no escritório do marido.
Jorge- surpreso: Isabel? Não te esperava aqui, meu amor.
Jorge vai até a mulher, dando-lhe um beijo. Os dois sentam-se.
Isabel: Acredita que eu acabei de encontrar com a nossa filha e o Benício de mãos dadas?
Jorge- chocado: Mas isso é um absurdo!
Isabel: Certamente, mas os dois não estão nem ligando. A Jordânia ainda nega que ela tenha terminado com o Olavo para ficar com aquele Isauro.
Jorge sorri.
Jorge: O que foi que você fez?
Isabel: Nada demais, só coloquei eles no lugar e acabei vindo pra cá, mas aquele pretinho me contou uma coisa que vai nos favorecer muito, é o momento de fingirmos que somos piedosos e que vamos nos arrepender.
Jorge- intrigado: O que ele disse?
Isabel: Que a Jordânia tentou se matar por minha e sua casa, pode isso?
Jorge: Mas eu não entendi o que vamos fazer com isso.
Isabel: Não seja tonto, nós vamos fingir que estamos culpados pela nossa filha ter tentado fazer isso, vamos admitir que somos racista, pedir perdão, e o principal de tudo, nós vamos aceitar esse casamento!
Isabel esbanja um sorriso. Jorge fica impressionado.
Cena 6: Paramaribo- Suriname. Boate Sexy Body/ Escritório de Ronald/ Interior/ Tarde.
Ronald chega desesperado e James fica preocupado.
James: Mas o que foi que aconteceu?
Ronald: Eu quase fui assaltado, justo no momento em que eu me encontrei com um amigo de infância, nós estudamos juntos no colégio e fizemos faculdade juntos.
James- intrigado: Mas o que você queria conversar de tão sério com ele que achou ruim acontecer essa assalto?
Ronald: Nós perdemos uma pessoa aquele dia, pensei em chamar ele pra trabalhar aqui!
James- inconformado: Cara, você ficou maluco? Tem tanto tempo que você saiu da faculdade, já teve ter uns 12 anos e você vai confiar em uma pessoa que você não vê há anos?
Ronald: O Eric não é assim, ele é uma pessoa de confiança.
James: Ronald, você acha que o tráfico de pessoas é o quê? Um jogo? Não se apresenta o tráfico de pessoas assim para as pessoas, a gente tem que sondar direito para saber se a pessoa não dá com a língua nos dentes, você reclama tanto que eu dou mole, mas o que é isso que você está querendo fazer?
Ronald fica pensativo.
Ronald: É verdade, você tem razão, eu poderia colocar tudo à perder, talvez ele não queira mesmo, o Eric é uma pessoa do bem. E lembre-se de uma coisa, James, se você me ver perto dele, o meu nome é Vitor.
James: O que esse seu amigo está fazendo aqui?
Ronald: Ele disseque veio procurar o filho ou a filha de uma amiga, sei lá, deve ser esse povo de família desestruturada que foge para outros lugares.
James: Não sei, não, isso é mais uma prova de que não devemos confiar nas pessoas, e se ele tiver procurando alguém que foi vitima do tráfico?
Ronald reflete no que James fala. James sai da sala.
Ronald: Eu tenho que encontrar com o Eric. O que será que ele veio caçar aqui em Paramaribo?
Cena 7: Hotel Courtyard by Marriott/ Entrada/ Interior/ Tarde.
Eric senta-se com Helena e Camila.
Eric: Eu tenho uma novidade para vocês, talvez a nossa busca não tenha sido à toa.
Helena- esperançosa: Novidade? Você descobriu alguma coisa sobre a minha filha?
Eric: Não, mas hoje eu encontrei um amigo de infância, estudamos o colegial e a faculdade juntos, mas devido aquele assalto que teve, ele acabou fugindo, eu tenho a esperança de que ele possa nos ajudar, quem sabe ele não nos informa sobre esse lugar onde eles aprisionam as pessoas.
Camila: Gente, isso é um tipo de boate, eu ouvia direto o Ronald conversando no telefone e falando sobre boates.
Helena: Aquele desgraçado me dizia que viajava para assinar contratos, fechar negócios da empresa e para oferecer serviços.
Eric: Bom, o que está em jogo aqui não é isso. Por acaso nenhuma de vocês têm uma foto desse Ronald não?
Camila: Eu não sei, eu acho que não.
Helena: Acho que apaguei todas as fotos que tinha com ele.
Eric: Eu espero que vocês encontrem alguma coisa, porque se ele traz pessoas pra cá, ele vive aqui e deve ser muito visto. –Para Camila- Você sabe que tipo de boates ele têm?
Camila: Não, eu nunca ouvi falar, mas com certeza deve ser boate de prostituição.
Helena: Gente, com certeza é do tráfico infantil, ele levaria a minha pra lá à troco de quê?
Eric: Então nós teremos que sair desse meio aqui de perto do hotel e começar a procurar pela cidade toda.
Helena fica tensa.
Cena 8: Caxias do Sul- RS. Casa de Célia/ Sala/ Interior/ Tarde.
Dionísia permanece boquiaberta com o desabafo de Célia.
Célia- indignada/ chorando: Vamos, sua sarnenta, você não vai nem inventar uma mentira para se defender?
Dionísia- perplexa: Eu já induzi sua irmã ao tráfico?
Célia pega um livro no sofá e tira uma foto de Dionísia e Renata que está dentro dele, mostrando para Dionísia que fica surpreendida ao confirmar a acusação de Célia.
Célia- grita: Vamos, confessa!
Dionísia- chora: Me perdoa, Célia, a única coisa que eu posso fazer, é te pedir perdão.
Célia- angustiada: Isso não ameniza a minha dor, não amenizou a dor dos meus pais!
Dionísia: O que eu posso fazer pra me redimir?
Célia- furiosa: Ir pra cadeia, porque é isso que você merece, sua vagabunda.
Dionísia: Já não basta você ter apoiado minha filha pra fugir de mim?
Célia: Isso ainda é pouco perto do que você merece, você já fez tanta gente sofrer, tantas pessoas que eram amadas pelas famílias e você conduziu para esse caminho infernal!
Dionísia- pranteando: Eu sei, mas eu não posso voltar atrás, o que eu fiz foi me arrepender.
Célia: Isso não vai trazer ninguém de volta. –Satisfeita- Espero que consiga salvar a sua filha das “minas de ouro”.
Dionísia- pasma: O que você disse?
Célia- diabólica/ contente: A sua filha, vai ter um passado parecido com o seu! Espero que agora você aprenda o que as mães daquelas pessoas passaram, porque você vai sentir na pele a dor da perda.
Dionísia e Célia se encaram.
Cena 9: Avião/ Interior/ Tarde.
Diana abre os olhos lentamente, ela observa o avião e fica tensa.
Diana- pensando: Será que essa decisão de trabalhar em outro lugar, ficar longe da minha mãe é a escolha certa pra minha vida?
Diana olha pela janela do avião e a aeromoça observa-a.
Aeromoça: Está tudo bem, senhorita?
Diana- séria: Tá sim, moça, obrigada!
Diana pega seu celular e olha uma foto sua e da sua mãe. As lágrimas são inevitáveis.
Diana- pensando: Como eu vou sentir a sua falta, mamãe! Espero que um dia eu consiga te perdoar.
Cena 10: Apartamento de Jordânia/ Quarto/ Interior/ Tarde.
Jordânia conversa no telefone com Benício.
Jordânia: Tem tão pouco tempo que você já foi embora, mas eu já estou com saudades, amor.
Benício: Eu prometo que hoje de noite nós vamos sair, coisa linda. Sabe, Jordânia? Eu ainda acho que isso não é real, parece que eu estou sonhando!
Jordânia- receosa: Benício, deixa eu te perguntar uma coisa. Você está mesmo querendo processar os meus pais?
Benício: Olha, minha linda, eu sei que eles são seus pais, mas eles são racistas, eles me ofendem toda vez que me vêem, ofenderam até você!
Jordânia: Eu sei, Benício, é que sei lá, eles são meus pais, eu não consigo ficar com raiva deles, mesmo sendo o que eles são.
Benício: E você está certa, mas isso não quer dizer que eu vá ficar parado, eles foram muito duros comigo, eu jamais desrespeitei eles, mas se você me pedir, amor, eu desisto dessa idéia.
Jordânia: Eu não posso fazer isso, Benício, você está no seu direito, não está errado e nem agindo de má fé.
Benício: Meu amor, eu só te peço uma coisa, não fique se culpando por nada, você não tem nada a ver com o que está acontecendo com ninguém, isso tudo que aconteceu é a decisão que vem de si mesmo.
Jordânia- angustiada: Eu tenho medo, Benício, meus pais já tentaram te matar uma vez, podem tentar fazer de novo.
Antes que Benício possa falar alguma coisa, a campainha toca e Jordânia fala que vai retornar e desliga. Jordânia abre a porta e fica surpresa.
Jordânia: Olavo? O que você está fazendo aqui?
Olavo: Você ainda me pergunta? Sua safada, puta!
Jordânia tenta dar uma bofetada em Olavo, que segura o braço de Jordânia e lhe dá um tapa no rosto, deixando ela assustada.
Cena 11: Aeroporto Internacional de Paramaribo-Zanderij- Suriname/ Interior/ Tarde.
Diana coloca seus documentos na bolsa e anda pelo aeroporto procurando quem foi buscá-la. A jovem avista um homem com uma placa escrita seu nome e segue em direção à ele. Diana anda e a câmera está no modo lento.
Diana- pensando: Eu estava com dúvida sobre a minha decisão no avião, mas quando cheguei no Paramaribo e senti o que é estar em outro país, desejei nunca mais voltar para o Brasil, nesse exato momento eu estou me sentindo tão livre, parece que os meus problemas ficaram de vez naquele avião. De fato eu ainda sinto uma saudade da minha mãe, mesmo depois de tudo o que descobri, mas agora a minha prioridade era seguir a minha vida, renovar tudo o que estava desgastante!
Diana chega até o homem.
Diana- estendendo a mão: Prazer, eu sou a Diana.
Homem- voz ecoada: Prazer, meu nome é James!
James pega na mão de Diana e ambos dão um sorriso.
Continua...

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