Capítulo 2:
Cena 1- Mansão Lambertini/ Quarto
de Helena e Ronald/ Interior/ Noite.
Helena invade o seu quarto com
muita arrogância, deixando Ronald assustado, pois ele estava vidrado no jornal.
Helena: Quero que você me explique agora porque a minha
filha estava chorando e quando fui perguntar a professora, ela disse pra mim te
perguntar o que estava acontecendo.
Ronald fica paralisado, mas sua
atenção volta para a televisão quando ouve a notícia de que uma quadrilha foi
presa por tentar traficar crianças para o Suriname.
Ronald- desacreditado: Isso não pode ser!
Helena- intrigada: O que é que não pode ser?
Ronald fica encurralado ao perceber
que falou demais, enquanto Helena espera uma resposta dele.
Helena- impaciente: Vamos, me responda! Do que é que você está falando?
O que você achou de tão interessante nessa notícia que desviou seu olhar?
Ronald- falso: Você sabe como eu tenho um coração muito derretido,
olha o que esse povo está fazendo com as crianças!
Helena- dura: Entendo, mas isso não responde o que eu te perguntei
sobre a minha filha!
Ronald- fingindo indignação: Você está acreditando em uma pessoa que você nem
conhece direito? Quem você pensa que eu sou?
Helena: Eu não sei, Ronald, eu espero que você me responda!
Ronald: Pois eu não tenho nada pra falar, pergunte para
aquela professorazinha que fica fazendo intriga e causando discórdia na família
dos outros.
Helena- gritando: Maria Eduarda, vem cá?
A menina vai até o quarto de sua
mãe, com seus olhos vermelhos de tanto chorar.
Maria Eduarda: O que, mamãe?
Helena- pressionando: Eu preciso que você me responda: do que aquela sua
professora estava falando?
Maria Eduarda- olhando para Ronald:
Eu não sei, mamãe.
Helena- implorando: Filha, pelo amor de Deus, eu preciso saber o que
está acontecendo.
Ronald- interrompendo: Não tá vendo, Helena? Nem a sua filha sabe e você
fica fazendo essa tempestade em um copo d’água.
Helena- nervosa: Não se intrometa, eu conheço minha filha, Ronald,
ela não fica chorando à toa.
Maria Eduarda- abraçando sua mãe: Mamãe,-apontando
para Ronald- ele tirou a minha roupa e tentou fazer um monte de coisas
horrorosas comigo.
Maria Eduarda chora correndo para
seu quarto. Helena encara Ronald.
Helena- furiosa: Isso é verdade, Ronald?
Cena 2- Casa de Dionísia/ Cozinha/
Interior/ Noite.
Dionísia está cozinhando e sua
amiga, Célia chega.
Célia: Oi, Dionísia, tudo bem?
Dionísia: Cansada, menina. E você, o que me conta?
Célia: Dionísia, pelo amor de Deus, eu vim aqui te contar
um babado fortíssimo, chama a Diana pra ela ouvir isso.
Dionísia- gritando: Diana, vem cá!
Diana
desce rapidamente e Dionísia fica surpresa.
Dionísia: Uai, que milagre é esse que você não demorou?
Diana: Celular descarregou. O que a senhora quer?
Dionísia: Me respeita, garota. Na verdade a Célia quer falar
uma coisa com a gente.
Célia: Então, Diana, se eu fosse você, eu tomava muito
cuidado, sabia que uma garota que mora no final da rua, foi estuprada hoje? E
sabe por quê?
Diana: Não, desembucha logo, Célia.
Dionísia: Você respeita as pessoas, senão eu meto uma bifa na
sua cara.
Célia: Por causa daqueles cupons que você e a Marília
estava tentando ganhar aquela vez, aquilo tudo é uma fachada. Os hackers
conseguem invadir a sua conta e te localizar, e como não são bobos nem nada,
eles estupram meninas bonitas, que nem vocês.
Diana: Ai, que conversa fiada, Célia, você me chamou aqui
só pra isso?
Dionísia pega um chinelo e taca em
sua filha.
Dionísia: Da próxima vez eu acabo com sua raça na frente da
Célia mesmo, a mulher vem aqui toda preocupada te ajudar e você vem nessa mau
criação?
Diana: Mãe, eu vou dar uma volta com a Marília, é bom que a
Célia tá aqui e já fica sabendo, pra depois não ficar dando chilique.
Diana sai, ignorando sua mãe, que
pergunta onde elas vão.
Cena 3- Mansão Lambertini/ Quarto
de Ronald e Helena/ Interior/ Noite.
Helena- gritando: Me responde, Ronald: isso é verdade?
Ronald levanta-se da cama e vai até
Helena, encarando-a.
Ronald: Acredite no que quiser, eu sei da minha inocência.
Helena: Você ainda não me respondeu, e pelo visto, não
negou!
Ronald- falso: Negar pra quê? Isso vai fazer você acreditar em mim?
Ronald troca de roupa e sai, Helena
vai atrás do homem e pergunta onde ele vai, mas ele a ignora.
Helena vê sua filha do alto da escada.
Helena- sofrendo: Filha, por favor, eu preciso de uma resposta sua,
você está falando a verdade?
Helena chora inconsolavelmente e
Maria Eduarda vira as costas, frustrada.
Cena 4: Mansão Chermont/ Quarto de
Jordânia/ Interior/ Noite.
Jordânia conversa com Benício por
ligação.
Jordânia: Ai, amigo, eu não sei o que fazer, amanhã certamente
o meu pai vai vir me falar sobre o Olavo.
Benício: Olha, Jordânia, você sabe o que fazer, mas você sabe
que a atitude dele não foi correta, vou conversar com o Olavo depois, afinal de
contas, sou amigo de vocês dois.
Jordânia: Benício, queria te pedir um favor.
Benício: Que favor?
Jordânia: Não aconselhe o Olavo a me pedir pra reatar o nosso
noivado, a minha decisão está tomada.
Benício: Mas isso não pode ficar assim, vocês precisam ser
pelo o menos amigos.
Jordânia: Que seja, eu só não quero mais nada com ele. Aqui
você acredita que a minha mãe defendeu o Olavo?
Benício- chocado: Sério? Isso é inacreditável!
Jordânia: Pois é, ainda disse que eu deveria ter cedido. –Bocejando- Benício, eu vou dormir,
estou morrendo de sono.
Benício: Tudo bem, Jordânia, conte comigo. Boa noite e até
mais.
Jordânia coloca o telefone no seu
criado mudo.
Jordânia- sorrindo: Você é tão fofo, Benício, está comigo em todos os
momentos.
Atrás da porta, sua mãe ouve tudo
com muito ódio.
Isabel- pensando: Então é por isso que você queria separar do Olavo,
para ficar com esse negro maldito desse Benício.
Cena 5- Caxias do Sul-RS/ Mansão Castellari/
Sala/ Interior/ Noite.
Camila está sentada no sofá, lendo
um jornal, enquanto seu filho, Renan vê desenho na TV.
Camila: Filho, já está na hora de você dormir.
Renan: Mãe, que dia o meu pai vem pra casa?
Camila: Eu não sei, ele me disse que não demoraria, deve
estar por vir.
Camila e Renan são surpreendidos
com a entrada de Ronald. Esposa e filha se alegram e abraçam o
homem, que finge estar feliz.
Ronald: Está um pouco tarde, mas eu cheguei essa hora mesmo.
Como estão as coisas?
Camila: Estão bem, como foi a viagem?
Ronald: Foi ótima. Preciso usar o escritório rapidinho.
Camila fica intrigada, mas decide não
falar nada.
Renan: Pai, você trouxe presentes pra mim?
Ronald: Claro, filho, amanhã nós vemos isso, ok?
O menino confirma balançando a
cabeça e Ronald vai para o escritório. O homem faz uma ligação.
Ronald- amedrontado: James, o que aconteceu?
James: Eu não sei, eles foram pegos, foi o que você viu.
Ronald: Vou ter que entrar naquela maldita cadeia e acabar
com a vida daqueles infelizes. Eles vão acabar nos entregando, você poderia
fazer esse trabalho, mas você não está aqui!
James: Mas é claro que vai!
Ronald: Maldita hora em que esses desgraçados foram presos,
não acredito que aqueles burros foram tão desprevenidos!-Camila ouve atrás da porta- Eu vou ter que sequestrar a minha
enteada o mais rápido possível e levá-la pra Paramaribo.
Camila fica horrorizada com o que
ouve, mas continua ouvindo a conversa atrás da porta.
Ronald: Pois bem, me espere aí muito breve.
Ronald faz uma expressão
maquiavélica, enquanto Camila está preocupada.
Cena 6- Amanhece/ Paramaribo-
Suriname/ Boate Sexy Body/ Quarto de traficados/ Interior. (Obs: O horário é o
mesmo do que o horário de Brasília)
James entra no local chutando a
porta, deixando as crianças (meninos e meninas) aterrorizadas,
mas lá têm algumas mulheres e homens.
James: Bom dia, suas vadias e seus vadios. Vim dizer que
ontem essa merda da boate estava um fracasso, quero que melhorem!
No local, têm crianças de idades
variadas, algumas ali têm menos de 10 anos, mas elas apenas
reparam a forma que os maiores trabalham porque ainda não servem para se prostituir. Clara, uma menina de 12 anos se
manifesta.
Clara: Nós não temos culpa nenhuma, estamos apenas fazendo
o que a gente pode pra sustentar vocês, não é isso que querem?
James- bravo: Respondona, eu te ensino a falar somente quando eu
mando!
James aponta a arma para Clara, que
fica com medo, todos os demais fecham os olhos.
Clara- enfrentando: Então me mata!
A menina se levanta e fecha os
olhos, James aperta o gatilho e todos gritam com o barulho de
tiro, mas felizmente era uma bala de festim. James gargalha.
James- diabólico: Você é tão útil nessa boate, Clara, acha mesmo que
iria matar você?
Clara: Seria melhor, assim esse inferno que eu estou
vivendo, acabaria de uma vez por todas.
James- ignorando: Hoje alguns homens e mulheres irão sair pela cidade
e divulgar a boate com panfletos. Mais tarde voltaremos aqui!
James vai embora, Clara olha para
todos.
Clara: Medrosos, não é possível que depois de anos aqui,
vocês têm coragem de ficar calados!
Todos permanecem calados.
Cena 7- Mansão Chermont/ Quarto de
Jordânia/ Interior/ Manhã.
A empregada entra com o café de
Jordânia, que está sentada na cama.
Jordânia: Muito obrigada, Valentina.
Valentina: De nada, dona Jordânia.
Jorge entra no quarto de Jordânia.
Valentina se retira.
Jorge- sentando: Bom dia, filha.
Jordânia: Bom dia, pai.
Jorge: Por que você não foi tomar café na sala comigo e sua
mãe?
Jordânia: Pai, com certeza a mamãe já te contou o que
aconteceu, eu não estou muito bem com ela. O senhor acredita que ela teve a
coragem de defender o Olavo? Ele tentou abusar de mim!
Jorge: Filha, eu te entendo, eu concordo um pouco com sua
mãe, todo mundo erra, o Olavo deve estar arrependido. Não é que eu não esteja
do seu lado, mas eu fico preocupado ao saber que você vai largar uma pessoa
assim sem ao menos saber o que aconteceu, e se você arrumar algum outro homem
que seja estúpido?
Jordânia: Pai, eu não vou arrumar mais ninguém agora, o que eu
preciso é de um tempo.
Isabel entra surpreendendo a filha
e seu marido.
Isabel- acusando: Não pretende arrumar ninguém?- Riso debochado- Me poupe da sua falsidade, Jordânia, você acha
que eu não ouvi o que você estava falando do Benício ontem depois de ter
conversado com ele.
Jordânia- chocada: Mãe, a senhora estava ouvindo minha conversa com o
Benício?
Jorge- surpreso: Mas o que é isso, Jordânia? Você está terminando com
o Olavo pra ficar com um cara que é amigo de vocês?
Jordânia: Quando eu desliguei o telefone, eu apenas fiz um
comentário.
Isabel: Comentário de uma mulher apaixonada, ou você acha
que eu sou besta? Não acredito que fiz uma filha assim, depois vem se passar
por santa.
Jordânia: Eu não me faço de santa, mãe, e mesmo que eu esteja
gostando do Benício, isso é um direito meu, a senhora não tem nada a ver com
isso!
Isabel: Deixa de ser mal criada, olha que eu te enfio a mão
na cara!
Jorge: Pelo amor de Deus, parem de brigar.
Jordânia: Ainda bem que tenho um ensaio fotográfico hoje.
Jordânia pega sua bolsa e vai
embora.
Isabel- furiosa: Esse macaco não vai conseguir tomar a minha filha do
Olavo, isso eu te garanto, Jorge!
Jorge: Mas é claro que não vai, mas devemos fazer as coisas
como deve ser feitas.
Isabel: Claro que sim, e nós sabemos disso melhor do que
ninguém.
Os dois se olham sorrindo
diabolicamente.
Cena 8- Mansão Lambertini/ Sala de
refeições/ Interior/ Manhã.
Helena e Maria Eduarda estão
tomando café, um silêncio avassalador está tomando conta daquela
mesa.
Helena: Filha, você não vai conversar comigo não?
Maria Eduarda: Tenho certeza que a senhora não acredita em mim,
mamãe.
Helena- ingênua: Mas o Ronald é um homem tão bom, filha, eu estou com
ele há anos e isso nunca aconteceu, até casados nós somos!
Maria Eduarda: Mãe, isso não quer dizer nada, as pessoas mudam
sempre.
Helena- olhos marejados: Não me faça sofrer, filha. Eu o amo tanto, ele não
pode ser capaz de ter feito isso.
Maria Eduarda: A senhora ama mais ele ou eu?
Helena: Mas é claro que não.
Maria Eduarda: E por que não acredita em mim?
Helena fica calada. Maria Eduarda
sobe para seu quarto. Helena se surpreende quando Ronald entra
na casa, ela vai até ele e beija-o.
Helena: Meu amor, você está com raiva de mim? Onde você
estava?
Ronald- desprezando: Não estava desconfiado de mim? Eu decidi ir embora.
Helena- medrosa: Eu acredito em você, meu amor. -Beijando- Eu não vivo sem você.
Maria Eduarda presta atenção do
alto da escada, enquanto Ronald beija sua mãe, olhando para
a menina.
Ronald: Está feliz, Maria Eduarda?
Maria Eduarda: Eu vou te separar da minha mãe, você é um monstro!
Helena fica chocada com o que ouve.
Maria Eduarda decide ir para seu quarto, enquanto Ronald e
Helena permanecem na sala.
Helena: Meu Deus, não acredito que minha filha falou isso.
Ronald: Você ouviu com os seus próprios ouvidos, ela disse
que vai separar nós dois.
Helena atende a campainha e se
assusta ao ver Camila, que entra e encara Ronald.
Camila: É aqui que você faz as suas viagens?
Helena- olhando para Ronald: Do que essa mulher está falando, Ronald?
Estendendo a mão para Helena.
Camila: Prazer, eu sou a mulher do Ronald e mãe do filho
dele!
Helena se choca e olha confusa para
Ronald e Camila.
Cena 9- Centro de Caxias do Sul/
Rua/ Manhã.
Dionísia está andando pela calçada,
vendo algumas vitrines de lojas. Diana está
mexendo no celular.
Dionísia: Na hora que alguém te roubar, você vai ver.
Diana: Me deixa, mãe, ninguém vai me roubar!
Dionísia- parando na frente de uma
loja: Filha, olha que roupa
linda!
Diana olha para o vestido e fica
deslumbrada.
Diana: A senhora vai comprar pra mim?
Dionísia: Pede esse seu celular! Vamos entrar na loja e ver
ele.
As duas entram e Dionísia conversa
com a vendedora. Uma mulher entra na loja e
reconhece Dionísia, que assusta ao se
virar e ver a mulher.
Mulher: Desgraçada, está gastando aquele maldito dinheiro
que você ganhava às custas das pessoas?
Diana fica intrigada, enquanto Dionísia
olha com medo para a mulher, pois sabe quem é
ela.
Continua...
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