Sob o Domínio do Rei - Capítulo 16




Capítulo 16 
Castelo de Sonhos




CENA 1/ CASA DE D. IVONE (ARRAIAL DO CABO)/ EXTERIOR/ DIA 

Da varanda de casa, D. Ivone avista a chegada de um carro. Ritinha se aproxima,
lentamente. 

Ritinha – É ele, D. Ivone.
Jean, desce do carro e corre para os braços da mãe que não segura as lágrimas. Ritinha, paralisa:
D. Ivone – Vem minha filha, é Jean…

Jean – Mãe […] Mãezinha.

D.Ivone – Quanta saudade de você meu filho, ainda me lembro como se fosse ontem o dia  que nos deixou aqui.

D. Ivone puxa Ritinha, que se aproxima de Jean, olhando nos seus olhos:

D. Ivone – Vem Rita.

Jean, lhe abraça com força, compensação pelo tempo distante da amada, da irmã não sanguínea que o destino, ou sabe-se lá o que colocará na sua vida. 

Jean – Vem cá! – a puxa com força.

Ritinha – (chorando) Jean, desgraçado por que fez isso comigo?

Jean –  (emocionado) Nessa vida as coisas acontecem sem que a gente sequer se dê conta minha pretinha. E o tempo voou depressa demais. 

Ritinha, desvia o olhar de Jean e imediatamente encara, Silas.

Jean – É o Silas, um velho amigo…

Abraçando-as,diz.

Jean – Nós vamos pra casa agora.

CENA 2/CASA DE CAROL/ INTERIOR/ DIA

Carol, serve café para Marcela, que conta-lhe sobre, Jean e Ritinha.

Marcela – (rindo) Outro dia ele levou ela lá na fábrica, bonita, xucrinha, até parece que tem medo de gente não larga da cintura dele um só minuto.

Carol – E você acha que ela é mulher dele mesmo?

Marcela - Pelo que parece. Pelo menos o comportamento dela dá a entender isso, mulher dele desde que se conhece por gente, cresceram juntos né? Mas esse povo fala demais também. Depois tem esse Bartô, forasteiro bonitão, há quem diga que ele e o Jean vivem como casal. Mas vem cá e vocês nunca mais?
Carol - Foi só um momento bom, uma atração dessas que deixa a gente meio louca sei lá, mas as vezes me dá uma saudade. Mas vamos mudar de assunto, Jean Ribeiro, é passado. Mais café?
Marcela - Ai sim! 

CENA 3/ CASA DE BARTÔ/ INTERIOR/ DIA 

Jean, deixa, Ritinha, dormindo no quarto, e na cozinha tem uma conversa com Bartô,  que faz o próprio café da manhã. 
Jean – Bom dia.

Bartô – Bom dia.

Bartô, faz barulhos com utensílios de cozinha para chamar sua atenção:

Jean – Bartô, eu peço só um pouquinho de paciência da sua parte, olha em poucos dias nós  vamos mudar pra nossa casa.

Bartô – Nós quem?

Jean, baixa a cabeça e Bartô é duro. Com raiva. 

Bartô – Olha quer saber, volta lá dormir com a sua namoradinha de infância, Ritinha. Não é  isso que ela sempre foi? Tua namoradinha de infância, tua mulher, Jean, desde o dia que  sua mãe a levou pra dentro de casa ela foi a tua mulher.

Jean –  (bravo) Não. Não foi, Bartô. Ritinha é como minha irmã, eu nunca olhei para ela como um homem olha para uma mulher, se ela sonhou com isso a vida inteira foi sozinha. Eu nunca.

Indignado, segura, Bartô, pela camisa e o joga contra a parede.

Bartô – O que foi, Jean Ribeiro, vai me bater agora?

Jean –  (emocionado) Sabe que vontade não me falta, seu forasteiro de uma figa.

 Então o beija com força. Dona Ivone os vê, mas volta para trás. 

CENA 4/ QUARTO DE JEAN/ INTERIOR/ DIA 
No quarto, Ritinha, procura por alguma coisa, fotos, algo que lhe responda como, Jean,  chegou aonde chegou em tão pouco tempo. Na porta, D. Ivone a repreende: 

D. Ivone – O que você está fazendo?

Ritinha – Procurando algo, D. Ivone, alguma coisa que me diga como ele conseguiu tudo isso.

D.Ivone – E isso realmente importa, Rita? Nós estamos com ele agora, ele é a nossa família.

Ritinha – Isso não tá certo, D. Ivone, Jean não pode ter acordado nadando em dinheiro assim  do nada. 
Mexendo em uma caixinha encontra uma foto de Carlos, e um caderno com anotações. 

D. Ivone – O que você vai fazer com isso?

Ritinha – Eu não vou ficar de olhos fechados como a senhora, eu sei que alguma coisa não  está certa nessa história de herança.  
Segura consigo uma foto de Carlos e o caderno, e alerta. 
Ritinha - Há muitas coisas em jogo, inclusive a sua vida, D. Ivone.

CENA 5/ FÁBRICA REI DO FUMO/ INTERIOR/ DIA 

Ritinha, chega na recepção da fábrica. Marcela a recebe.  

Ritinha – O Jean, está?

Marcela – Está, mas creio que não seja uma boa hora…

Ritinha – (brava) O que foi, hein? Não posso entrar na sala do meu homem agora?

Ritinha, entra e Marcela a segue.

Marcela – Senhorita, por favor, senhorita.
CENA 6/ SALA DE JEAN/ INTERIOR/ DIA 

Jean, fala ao telefone, quando, Ritinha, entra e joga a foto de Carlos, e o caderno de  anotações sobre a mesa.

Jean – (ao telefone) Olha eu tenho que desligar agora, nos falamos, sim?

Ritinha – Eu não sou mais aquela garota ingênua que acreditava em tudo que você me dizia.
Marcela, olha para Jean, assustada. 

Jean – Marcela, pode deixar.

Marcela – Tudo bem! (sai)

Jean – Você mexeu nas minhas coisas? Você não tinha esse direito.

Ritinha – Não, Jean. Quem não tinha o direito de sair de casa e se lembrar que tinha uma  família anos mais tarde é você. Você tem ideia de quantas vezes eu chorei por não saber  notícias suas? Você tem ideia de quantas vezes eu tive que abraçar a sua mãe para mantê-la viva sem ao menos saber se de fato você estava bem?

Jean – (emocionado) Eu não escolhi esse caminho.

Ritinha – ah, não?

Jean – Não, Rita, você não tem ideia do que eu passei, você não imagina o que eu enfrentei  pra estar aqui hoje, por isso eu falo com todas as letras que você não tem o direito de me cobrar nada, eu protegi vocês todo esse tempo.

Ritinha – Você fugiu de nós. São Paulo, Jean […] Onde você está mesmo?

Jean – Sim, Rita, eu fugi, fugi sim! (pega a foto de Carlos) tá vendo a foto desse homem? (emoção, lagrimas nos olhos) Esse homem. Eu amei esse homem mais que a minha própria vida, e amo, ainda amo. Mas esse desgraçado acabou com todos os meus sonhos. Há seis anos quando o mataram em São Paulo, que eu não parei mais de correr. Correr pra viver Rita.

Ritinha, paralisa  e Jean, a abraça. 

Jean – (chorando) Não faz isso agora que eu consegui trazer pra perto de mim as pessoas que mais me importam.  
Com as mãos na cabeça, chora. 

Ritinha - Eu te odeio, Jean Ribeiro, eu te odeio e odeio todas as pessoas que fazem parte da sua vida agora.    
Jean - (chorando) E eu te amo, mas é um amor que diferente. Me perdoa (ajoelha-se diante de Ritinha) me perdoa por não corresponder da maneira que você queria. 
Ritinha - Me leva embora daqui. 
CENA 7/ CARRO/ EXTERIOR/ DIA  
Jean, abre a porta do carro. Rita, embarca. No volante, Silas a encara.  

Silas – Também fiquei assim como você.

Ritinha – Assim como?
Silas – Se queria essa vida pra mim, sabe trabalhar com Jean Ribeiro, um homem que se  tornou quem é.

Ritinha – E quem ele é? 
Silas – Isso a senhorita deve saber mais que ninguém, é mulher dele desde que veio ao  mundo.
Ritinha – Eu não sou mulher dele. Jean, tem outras preferências, ele nunca vai olhar pra mim
como eu queria. Mas me diz quem é Jean Ribeiro?

Silas – Um amigo, forte, admiravel. Não faz favores a ninguém, mas paga muito bem aos que lhe fazem.Te assusta?

Ritinha – Quem sabe a verdade? Ele me encanta. há cada dia o amo um pouco mais. 

CENA 8/ SALA DE JEAN/ INTERIOR/ DIA 

Jean, marca uma reunião com Aroldo Portela, o senhor que conheceu na festa de  Walter Pernas. Em seguida, Marcela anuncia a entrada de Nathan.

Jean – Te espero então, meu amigo, será um prazer fazer negócios consigo. Desliga o  telefone. 
Marcela – Jean, Dr. Nathan.

Jean – Diga para entrar, por favor.

Marcela – Com licença.
CENA 9/ SALA DE JEAN/ INTERIOR/ DIA 
Nathan entra. 

Nathan – Jean Ribeiro a que devo o ilustre chamado?

Jean – Senta,bom vamos direto ao ponto, quero seu preço pra trabalhar integralmente  como meu advogado e contador.

Nathan – Integralmente?

Jean –  E dedicação exclusiva. A tarefa é simples, preciso que alguém tome conta das  entradas e saídas, e coloque em pratos limpos, ou seja, preciso que todo o dinheiro sujo se converta em limpo, não quero fazer as coisas como Armando Cardona fazaia. Quero também que cuide da abertura de uma empresa de transportes maritimos. Em quanto tempo consegue isso?

Nathan – Transporte marítimo? Jean, Armando Cardona, tinha um acordo muito bem  amarrado com Walter Pernas, nem ele nem outra pessoa poderia investir nesse campo.

Jean – Pois quem está no comando agora é Jean Ribeiro, e eu não tenho acordos com  ninguém, não preciso de Walter Pernas, como meu intermediário.

Nathan – É um plano muito arriscado, Jean, vai mexer com grandes inimigos.

Jean – E eu estou pagando pra ver.

Continua ... 

congelamento final de capítulo Jean Ribeiro 

 

Postar um comentário

0 Comentários