Buquê de Lágrimas- Capítulo 1 (Estreia)


Capítulo 1:
Cena 1- Caxias do Sul- RS/ Mansão Lambertini/ Quarto de Maria Eduarda/ Interior/ Noite.
Maria Eduarda sai do banheiro e está com seu roupão de banho, ela vai até sua boneca e sorri.
Maria Eduarda- falando com a boneca: Nós vamos tomar um chazinho depois do seu banho, eu vou cuidar muito bem de você sempre, minha filhinha, nunca vou te abandonar.
A menina coloca a boneca na cama novamente e tira o seu roupão, ao olhar para a porta que estava entreaberta, ela encara Ronald, que estava bisbilhotando-a. O homem sorri.
Maria Eduarda- furiosa: Sai daqui, eu te odeio!
Ronald sai e Maria Eduarda fecha a porta do seu quarto, a sua mente é invadida por um momento em que Ronald tentou abusar dela.
Flashback:
Maria Eduarda está em seu quarto com suas bonecas, que estão sentadas e escoradas no guarda-roupa, a menina brinca com seu fogãozinho de brinquedo e mexe as panelas, em alguns momentos, ela olha para as bonecas, sorrindo. A garotinha se surpreende ao ver Ronald entrar em seu quarto e fechar todas as janelas com as cortinas.
Maria Eduarda- assustada: O que você tá fazendo?
Ronald- sarcástico: Nada, meu bem, não se preocupe.
A criança fica com mais medo ao ver que Ronald está trancando a porta.
Maria Eduarda- com medo: O que você vai fazer?
Ronald pega a menina no colo, que começa a chorar e gritar, ela esperneia e balança seus braços tentando se soltar, mas é inútil.
Ronald: Cala a boca, sua pirralha, agora você vai ser minha.
Maria Eduarda- desentendida: Sua? Como assim?
A medida que Ronald levanta o vestido de Maria Eduarda e tira a sua calcinha, ela fica mais aterrorizada ainda. É possível ouvir os seus gritos de longe e Ronald se desespera ao ouvir Helena bater na porta, desesperada.
Helena- desesperada: O que tá acontecendo aí? Ronald, abre essa porta!
Ronald- desesperado/sussurrando: Se você contar alguma coisa pra sua mãe, eu mato você e ela -mostra uma faca e guarda.
Ronald abre a porta e Helena entra desesperada.
Fim do flashback.
Maria Eduarda- marejando: Nada, mamãe, é o que sempre está acontecendo!
Helena entra e fica preocupada ao ver sua filha chorando.
Helena: O que está acontecendo, filha?
As duas se olham fixamente e Maria Eduarda não sabe o que responder para sua mãe.
Cena 2- Caxias do Sul- RS/ Mansão Chermont/ Sala/ Interior/ Noite.
Isabel e Jorge estão sentados no sofá, juntamente de seus convidados, eles são surpreendidos quando Jordânia entra chorando.
Isabel- preocupada: Filha, o que aconteceu?
Jordânia não dá atenção para ninguém, sua mãe pede licença aos convidados e vai atrás dela, que está no quarto.
Isabel: Jordânia, o que foi isso? Passou chorando, não me respondeu e muito menos cumprimentou os nossos convidados.
Jordânia- olhos marejados: Eu não vou me casar mais com o Olavo, ele tentou abusar de mim!
Isabel- desacreditada: Isso não pode ser verdade.
Jordânia: Mas é, mãe. Aquele cafajeste tentou abusar de mim, ele me agarrou à força.
Isabel: Filha, eu me recuso a acreditar nisso, o Olavo é um bom moço e sem contar que isso não é coisa de brancos fazer.
Jordânia- indignada: Outra vez com o seu preconceito, mãe, a senhora não muda, você sabia que nós somos negras?
Isabel- ignorando: Filha, eu não vou admitir que você cancele esse casamento, eu e seu pai investimos muito dinheiro nele.
Jordânia: Meu dinheiro, não é, mãe? Está lembrada de que tudo saiu do meu bolso, porque sou modelo desde pequena e eu não sou obrigada a casar com um monstro.
Isabel: Deixa de ser fresca e rabugenta, já tem quase 3 anos que você e o Olavo namoram, já estava na hora.
Jordânia: Mas eu quero me manter virgem até o dia do meu casamento. Não foi isso que aconteceu com a senhora e meu pai?
Isabel: Filha, os tempos mudaram, eu falava isso pra você não sair transando com qualquer preto e perder a virgindade quando era adolescente.
Jordânia: Os tempos mudaram, mas a minha mente não, mãe. -decidida- E está decidido, eu não vou mais me casar com o Olavo!
Isabel encara sua filha com muita raiva e levanta a mão para dar uma bofetada nela, mas ela decide virar as costas e sair do quarto da filha, deixando a menina pensando no preconceito que sua mãe tem contra a própria raça.



Cena 3- Mansão Lambertini/ Quarto de Maria Eduarda/ Interior/ Noite.
Maria Eduarda permanece calada e sua mãe senta na cama, enxugando as lágrimas da filha.
Helena: Filha, eu estou preocupada, me conta o que está acontecendo.
Maria Eduarda: Não é nada, mamãe.
Helena: Duda, ninguém chora à toa. ­–Olhando nos olhos- Vai esconder as coisas da sua mãe?
Maria Eduarda- indecisa: É que...
Helena- interrompendo: É que nada, filha, você tem que confiar em mim e saber que sempre pode contar comigo.
Maria Eduarda- tensa: Eu não posso!
Os olhos de Maria Eduarda estão cheios de lágrimas, pois é a única coisa que sabe fazer para se livrar de seu sofrimento interno para não contar nada para sua mãe. Helena segura as mãos de sua filha.
Helena- atormentada: Confie em mim.
Maria Eduarda- desconversando: Está na hora de ir pro balé.
Helena: Tem certeza que não quer contar?
Maria Eduarda respira com mais força como se tivesse tomando coragem, mas ela fica amedrontada ao ver Ronald escondido atrás da porta.
Maria Eduarda- limpando as lágrimas: Vamos, mãe!
Helena e Maria Eduarda vão até a sala, Ronald já estava sentado no sofá, pois se apressou para sua esposa não ver que ele estava escutando a conversa de mãe e filha.
Helena: Ronald, vou levar a Maria Eduarda para o balé.
Ronald: Quer que eu leve vocês?
Maria Eduarda- desprezando: Não, muito obrigado.
Helena- indignada: Mas o que é isso, Duda? O Ronald só estava tentando ser gentil.
Ronald- fingindo estar calmo: Deixa a Maria Eduarda pra lá, ela só está passando por um momento difícil, nota-se que ela estava chorando.
Maria Eduarda corre para o jardim, deixando sua mãe confusa.
Helena: Ronald, aconteceu alguma coisa enquanto eu não tinha chegado?
Ronald- cínico: Mas é claro que não, eu e a Maria estávamos até brincando.
Helena- confusa: Eu hein, não estou entendendo mais nada.
Helena sai, deixando Ronald sozinho, que sorri maliciosamente.
Ronald: Brevemente você estará comigo no Suriname, Duda!
Ronald gargalha.
Cena 4- Caxias do Sul/ Casa de Dionísia/ Sala/ Interior/ Noite.
Dionísia chega do serviço com algumas sacolas na mão, ela encara sua filha fixamente que está sentada no sofá, mexendo no telefone.
Dionísia- estressada: Até quando isso vai durar, Diana?
Diana- nervosa: Ai, mãe, que saco, me deixa, eu estou no whatsapp conversando com meus amigos.
Dionísia: Filha, eu já mandei você procurar um curso pra você fazer, já falei pra procurar uma faculdade, seja lá o que for, mas você está interessada somente nessa merda desse telefone, maldito foi o dia que comprei isso pra você!
Diana- farta: Oh, mãe, desencana, tá? Eu podia estar procurando um vagabundo, uma pessoa que não presta, fazendo “n” coisas horríveis, mas estou aqui dentro de casa, de boa, conversando com meus amigos num grupo. Ah, e tem mais, tô até num grupo de empregos, quando sair umas vagas interessantes, eu dou uma olhada.
Dionísia- olhando para cima: Ai, meu pai do céu, dá um pouco de juízo pra essa menina. –Para Diana- Olha aqui, filha, tome muito cuidado com essas coisas na internet, está cheio de estupradores se passando por empresários.
Diana: Nossa, mãe, mas que ódio, eu vou subir pro meu quarto, tchau!
Diana vai para o seu quarto e ignora sua mãe lhe chamando várias vezes.
Dionísia- tensa: Estou com tanto medo, espero que o que eu tenha feito não volte para você!
Cena 5- Ballet Margô- Caxias do Sul/ Interior/ Noite.
A professora de Maria Eduarda se aproxima dela, enquanto todas as demais alunas vão embora com suas mães.
Professora: Duda? Queria falar com você!
Maria Eduarda: Pode falar, professora.
Professora- preocupada: Hoje eu notei que você estava péssima na aula, está acontecendo alguma coisa?
Maria Eduarda novamente lembra-se do momento que Ronald tentou abusar dela e chora compulsivamente, a sua professora lhe abraça.
Professora: Por favor, Duda, confie em mim, me fala o que está acontecendo.
Maria Eduarda- fala chorando: Por favor não conta pra minha mãe, senão eu e ela vamos morrer.
Professora- tensa: Me fala, pode confiar.
Maria Eduarda- chorando: O Ronald, uma vez, ele tentou tirar a minha roupa e queria me beijar, ele disse que se eu contar pra minha mãe, eu e ela vamos morrer.
A professora de Maria Eduarda fica chocada.
Professora- horrorizada: Mas você tem que contar isso pra sua mãe.
Helena chega desesperada e sorrindo, mas ela fica muito preocupada ao ver sua filha chorando.
Helena: O que está acontecendo? Por que você está chorando, Duda?
Professora- limpando as lágrimas da criança: A Duda tem uma coisa muito séria pra te contar.
Helena: O que é, minha filha?
Maria Eduarda fica calada e Helena não compreende, ela olha para a professora de balé com reprovação.
Helena: O que você fez com a minha filha que ela está assim?
Professora: Eu não fiz nada, só que ela precisa te contar uma coisa.
Helena- nervosa: Fez sim, sua maldita! Pois fique sabendo que a minha filha não volta aqui nunca mais.
Helena leva sua filha embora, a professora segue as duas até o carro.
Professora: Quando chegar em casa, pergunte pro seu marido o que aconteceu.
Helena- intrigada: Do que você está falando?
Professora: Descubra você mesma, não é uma ótima mãe?
A professora de Maria Eduarda vira as costas e entra para a academia, enquanto Helena entra no carro, pensativa.
Cena 6- Mansão Chermont/ Quarto de Isabel e Jorge/ Interior/ Noite.
Isabel e Jorge estão deitados na cama, vendo televisão.
Isabel: Jorge, você tem que conversar com a Jordânia, ela não pode acabar com esse casamento.
Jorge: Vou conversar com ela. Vocês brigaram porque você foi estúpida com ela, não foi?
Isabel: Claro que não, ela veio me dizer que o Olavo tentou abusar dela. Ele é um menino direito, não um marginal feito esse.
Isabel aponta para a televisão, onde um rapaz negro algemado está sendo entrevistado por um repórter.
Isabel- enojada: Negro nojento.
Jorge: Já entendi, ela te chamou de racista, não foi?
Isabel: Essa palavra não sai da boca daquela garota. Pra ela tudo é racista, até o vento.
Jorge ri do comentário de Isabel. Os dois se entreolham e riem juntos.
Cena 7- Mansão Lambertini/ Quarto de Helena e Ronald/ Interior/ Noite.
Helena invade o seu quarto com muita arrogância, deixando Ronald assustado, pois ele estava vidrado no jornal.
Helena: Quero que você me explique agora porque a minha filha estava chorando e quando fui perguntar a professora, ela disse pra mim te perguntar o que estava acontecendo.
Ronald fica paralisado, mas sua atenção volta para a televisão quando ouve a notícia de que uma quadrilha foi presa por tentar traficar crianças para o Suriname.
Ronald- desacreditado: Isso não pode ser!
Helena- intrigada: O que é que não pode ser?
Ronald fica encurralado ao perceber que falou demais, enquanto Helena espera uma resposta dele.
Continua...

Postar um comentário

0 Comentários